Lendas e crendices habitam o imaginário de muitas pessoas há muito tempo e os animais são personagens de várias. Os anfíbios são animais representados pelos sapos, rãs, pererecas e salamandras e por vezes, estes animais sofrem com o preconceito e antipatia pela grande maioria das pessoas.
O
nome anfíbio provém do grego (amphi = duplo; bio = vida) e se deve ao
fato de grande parte das espécies apresentar uma fase larval aquática na forma
de girino (com respiração branquial e, em sua maioria, alimentação herbívora) e
outra fase terrestre, adulta, com respiração pulmonar e cutânea e
alimentação baseada principalmente em artrópodes.
O
sapo-cururu (Rhinella schneideri,
Rhinella marina, Rhinella icterica) é muito comum por aparecer nos quintais
das casas, nas ruas, ou em brejos podendo causar desconforto ou até mesmo pavor para muitas pessoas que o observa.
Rhinella schneideri (Sapo-cururu)
A
crença que os sapos esguicham veneno nos olhos das pessoas vem passando de
gerações em gerações, mas as verdades dessa história poucos conhecem. Tenho
certeza que você já deve ter ouvido alguém falar pra tomar cuidado com os sapos
porque eles jogam leite podendo até cegar.
Eu
particularmente, durante a minha infância, já vi muita gente matando sapo a pedradas
ou a pauladas por acreditar mesmo nessa história. Ou ainda, jogando sal em suas
costas deixando-o com muita dificuldade em respirar. Mas será mesmo que sapo
joga leite? Ou ainda, será que o sapo produz leite assim como as vacas?
Vamos por parte!
A
vaca é um mamífero. Os filhotes (bezerros) das vacas necessitam de leite
materno no início da vida.
Você já viu filhote de sapo mamando?
Sapo é mamífero? Com certeza não!
Os
sapos fazem parte do grupo dos anfíbios e não produz leite. Aquele
líquido branco-amarelado parecido com a textura do leite que você deve ter
visto algum dia, é apenas uma secreção composta por toxinas que funcionam como
mecanismo de defesa contra possíveis predadores.
Pois
bem, existe um grande equívoco por acreditar que os sapos tenham a capacidade
de esguichar “leite” nas pessoas. Mas
quero apresentar-lhes uma espécie que tem a capacidade de esguichar uma pequena
quantidade de secreção tóxica, e não “leite”, á uma distância de 2 m,
aproximadamente. Conhecido popularmente como "sapo" o Rhaebo guttatus de forma voluntária é capaz de ejetar veneno com suas glândulas paratóides.
Rhaebo guttatus (sapo)
A
espécie Rhaebo guttatus apresenta
hábitos noturnos e é encontrada em todo o norte do Brasil, correspondendo toda
a região amazônica (Frost, 2011).
A
capacidade de esguichar veneno desse sapo só pode ser observada em indivíduos
adultos e quando se sentirem ameaçados. É
bom deixar claro para os leitores que esse comportamento não é uma regra, pois
alguns estudos demonstram que o Rhaebo
guttatos pode apresentar diversos
tipos de mecanismos de defesa, como: permanecer imóvel, fugir, inflar, urinar,
abrir a boca e fechar rapidamente e repetidamente e ainda inclinar o corpo.
A
crença de que os sapos jogam leite tem fundamento, assim como muitas outras
lendas e crendices. Por
isso é importante que pesquisas científicas com estes e outros tantos animais
aconteçam. Muitos Biólogos estão nessa jornada em procura de entendimento e
respostas para tantas questões que se não forem estudadas, acabam virando
crendice ou lenda.
Você
pode até não gostar dos anfíbios, mas é obrigado reconhecer a importância que
estes animais têm na natureza. Não
mate e não maltrate os anfíbios, pois a existência desses animais beneficia e
muito a vida de nós seres humanos.
Muito bom, Julimar. Texto bem interessante. Desejo muito sucesso para o blog.
ResponderExcluirSuper show...Saudade Julimar
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